Nas primeiras horas da manhã de terça-feira
(13/12), cópias digitais em formato PDFjá estavam à venda ou eram distribuídas
gratuitamente em vários sites. No blog livrodehumanas.org, podia-se baixar uma
cópia gratuita ou com desconto de 30% sobre o preço oficial de R$ 34,90.
O publisher e sócio da Geração
Editorial, Luiz Fernando Emediato, foi informado pelas redes sociais da derrama
de exemplares pirateados quando o sistema paralelo de distribuição e venda já
se configurava como uma ação viral – quando determinado tema entra simultaneamente
entre os tópicos mais vistos da internet, através de sites, blogs, redes de
relacionamento e sistemas de mensagens curtas, tornando-se quase impossível
contê-lo.
Ao longo da terça-feira, o esforço da Geração
Editorial ainda não havia conseguido bloquear o sistema paralelo de vendas, o
que teoricamente deveria aumentar o interesse jornalístico por esse fenômeno do
mercado editorial.
Não aconteceu
O sucesso estrondoso do livro criou uma
situação inusitada: ele se instalou rapidamente no topo do ranking de
vendas da Livraria da Folha na semana, enquando a Folha de S.Paulo
seguia ignorando sua existência.
O leitor há de ficar atento à listagem dos
livros mais vendidos na revista Veja, para verificar se o mistério se
repete: um livro campeão de vendas que a imprensa considera inexistente.Em entrevista à Agência Carta Maior, Luiz Fernando Emediato disse acreditar que a grande imprensa vai entrar em breve no debate que se seguiu à publicação, por causa do grande interesse demonstrado pelo público através das redes sociais e da mídia online.
Mas a chamada grande imprensa seguiu
desprezando o acontecimento jornalístico mais interessante da temporada, assim
como se calaram os principais personagens da história. Para os jornais, A
privataria tucana é um livro invisível. É como se os editores acreditassem
que aquilo que não sai na imprensa tradicional nunca aconteceu.
Apostando no silêncio
Emediato dizia esperar que o ex-governador
José Serra viesse a público a qualquer momento para se justificar, uma vez que
não é acusado diretamente dos crimes citados na reportagem. “Mas falar que não
sabia das movimentações milionárias da filha, é algo difícil de acreditar”,
afirmou.
Saboreando o sucesso comercial de seu
empreendimento, o editor participou ativamente dos debates nas redes sociais
desde o sábado, ao mesmo tempo em que administrava uma estratégia cautelosa em
relação ao PSDB.Pelo menos dois colunistas da Folha de S.Paulo e uma colunista do Estadão estavam digerindo o livro na terça-feira.
O ex-governador José Serra, principal
personagem da reportagem, resolveu sair do mutismo e declarou ao site do Estadão,
no fim da tarde de terça-feira (13), que não se manifestaria sobre o assunto.
“Vou comentar o que sobre lixo? Lixo é lixo”, teria dito Serra, segundo a site
do jornal paulista.
Presente ao mesmo evento, a inauguração da
sala da liderança do PSDB na Câmara dos Deputados, batizada com o nome do
falecido ex-deputado e jornalista Artur da Távola, o senador Aécio Neves,
apontado como mentor da investigação que colocou Ribeiro Jr. na pista de José
Serra, também evitou comentários, chamando a obra de “literatura menor”.
Todo o teor da reportagem trata de
desqualificar o autor do livro. O mesmo viés aparece na repercussão imediata de
outros sites da grande imprensa, na madrugada de quarta-feira (14).
A primeira manifestação de Serra depois da
publicação do livro foi seguida de uma postagem no Twitter, na noite de
terça-feira. “Não se faz política para ser-se digno. Faz-se política por ser
digno”, escreveu, citando Artur da Távola. No mesmo horário a frase foi postada
em sua página no Facebook (/timeserra45). No seu site (www.joseserra.com.br),
atualizado pela última vez na véspera do lançamento do livro, seu artigo
publicado originalmente no Estado de S.Paulo sob o título “O mal
essencial” trata de corrupção. Nenhuma referência às acusações contidas no
livro. Serra parece confiante de que, se a grande imprensa não noticiar, a onda
vai passar.
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