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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

“Não sou a presidenta das corporações, mas sim de 40 milhões de argentinos”


            Cristina Fernández de Kirchner prestou juramento, sábado, e deu início ao seu segundo mandato como presidenta da Argentina. No seu discurso, destacou os avanços que o país teve na área dos direitos humanos e também na economia. Em uma forte crítica ao sistema financeiro, lembrou que seu governo teve que suportar cinco ataques cambiais por parte de corporações que acreditavam que o governo iria ceder. “Que fique claro para todos: não sou a presidenta das corporações”.

Em uma Buenos Aires embandeirada e em clima de festa, Cristina Fernández de Kirchner prestou juramento, sábado, como presidenta da Argentina, enquanto centenas de pessoas se reuniram nas ruas próximas ao Congresso Nacional em uma manifestação de apoio popular a chefe de governo que inicia seu segundo mandato presidencial. Cristina Fernández fez seu juramento recordando com emoção o ex-presidente Néstor Kirchner e recebendo a faixa presidencial das mãos de sua filha Florencia, diante de presidentes da região, autoridades, convidados e apoiadores. Posteriormente, a primeira chefe de Estado latino-americana reeleita pelas urnas iniciou um discurso onde repassou as conquistas de seu primeiro mandato.

A presidenta reconheceu com orgulho que, no dia dos Direitos Humanos, reassumia como chefe de Estado de um país que avançou na direção do fim da impunidade graças às políticas de Estado e aos tribunais de justiça, e lembrou que há quatro anos, ao assumir seu primeiro mandato, pediu à Justiça que avançasse no julgamento contra os repressores da ditadura.

Neste sentido, ela lembrou de Ana Teresa Diego, uma jovem argentina estudante de astronomia da Universidade de La Plata que, em 1976, foi sequestrada pela ditadura. Seu nome, “Anadiego” foi utilizado pela União Astronômica Internacional para denominar um asteroide. Recordou também que, há alguns dias, havia visto a fotografia da presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, quando tinha 22 anos e, após várias sessões de tortura, era submetida a um interrogatório pelos militares brasileiros. “Eu pensei por um minuto, hoje, Dilma ocupa o comando de um dos países mais importantes do mundo. Esta jovem (Ana Diego) poderia estar sentada neste mesmo lugar onde estou hoje”.

Destacou também os êxitos econômicos de seu governo, como o índice de cobertura previdenciária que permitiu que 96% dos argentinos estejam em condições de se aposentar no futuro. “Não vamos abandonar nossas convicções e vamos seguir trabalhando por uma Argentina mais justa e mais solidária”. Em uma forte crítica ao sistema financeiro, lembrou que seu governo teve que suportar cinco ataques cambiais por parte de corporações que acreditavam que o governo iria ceder. “Que fique claro para todos: não sou a presidenta das corporações”, enfatizou.

Ela também fez menção especial a Lei dos Meios de Comunicação que permitiu democratizar a informação e fez um chamado à população para que leia diariamente os jornais como um exercício militante.

A união latino-americana também ganhou uma menção especial. Diante das presenças de vários presidentes da região, Cristina Fernández indicou que nada seria possível se eles não tivessem reorientado estrategicamente a economia e sua visão de mundo. “Sabemos que, na integração regional, está uma das melhores defesas que podemos ter contra um mundo difícil e repleto de desafios que devemos enfrentar. Felizmente, os chefes e chefas de Estado da América do Sul, para além das nossas diferenças - que são normais, sabemos que nosso futuro está interligado, lado a lado, com mãos e braços enlaçados, como queria (o poeta uruguaio) Mario Benedetti”.

Um pouco antes, o vice-presidente Amado Boudou também jurou perante o Congresso por “Deus, a pátria, os santos evangélicos, a desempenhar seu cargo com lealdade e patriotismo” e observar fielmente o cumprimento da Constituição. Depois, a presidenta e Amaro Boudou foram para a Casa Rosada, onde tomaram o juramento dos ministros do gabinete nacional e receberam a saudação protocolar dos convidados estrangeiros. Enquanto isso, na Praça de Maio, ocorria um festival popular de música com a presença de organizações sociais da grande Buenos Aires.


Fonte: Carta Capital

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