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terça-feira, 17 de abril de 2012

Audiência pública sobre Plano de Carreira e Estatuto do Magistério tem nova data

Comissão de Justiça e Redação da Câmara adiou evento para o dia 25/04

A Comissão de Justiça e Redação da Câmara Municipal, presidida pelo vereador Sérgio de Moraes Martins (PCdoB), informa a todos os profissionais do magistério municipal que a audiência pública que seria realizada nesta quarta-feira (18/04) foi adiada para o dia 25/04. A audiência prevê dar sequência aos debates em torno dos projetos de lei que tramitam no Legislativo Municipal e que tratam do Plano de Carreira e do Estatuto do Magistério Público Municipal.

De acordo com a CJR, o adiamento “se faz necessário devido à solicitação da Administração Municipal, para que as assessorias técnicas dos Departamentos Municipais de Administração, de Educação e de Finanças possam analisar as sugestões apresentadas pelos(as) professores(as), quanto a possibilidade de conceder um aumento no valor da hora-aula, pois diante das reivindicações dos(as) professores(as) presentes à audiência, o Prefeito Municipal determinou estudos para buscar alternativas no sentido de viabilizar um aumento no piso salarial do professor”.

O comunicado da CJR diz ainda que o chefe do Executivo e sua assessoria “estarão empenhados em apresentar alternativas que viabilizem o aumento, acatando propostas apresentadas pelos próprios profissionais, como redução dos valores investidos em manutenção da estrutura física, nos cursos de capacitação, dentre outras, sem prejuízo na qualidade dos serviços prestados à população”.

domingo, 15 de abril de 2012

Desembargador ataca bandoleiros da mídia

SÃO PAULO – Sob a incrível montanha de ações que desafiam sua corte, o desembargador Newton De Lucca, presidente do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3), também poeta e escritor, entregou-se a uma cruzada: defende “irrestritamente” a criação de um “habeas mídia”, segundo sua definição um mecanismo que seria usado para “impor limites ao poder de uma certa imprensa”.

“O habeas mídia seria um instrumento para a proteção individual, coletiva ou difusa, das pessoas físicas e jurídicas, que sofrerem ameaça ou lesão ao seu patrimônio jurídico indisponível, por intermédio da mídia”, propõe.

De Lucca sugeriu pela primeira vez o habeas mídia no discurso de sua posse, em 2 de abril, perante plateia de magistrados, advogados, juristas, três ministros do Supremo Tribunal Federal – entre eles o novo presidente da corte máxima, Ayres Britto -, o cardeal arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, e o vice-presidente da República, Michel Temer, que o aplaudiram.

Ao revelar sua meta, jogou sobre a mídia expressão de autoria da ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, que apontou a existência de “bandidos de toga” e abriu crise sem igual na magistratura.

Servirá o habeas, prevê De Lucca, “não apenas em favor dos magistrados que estão sendo injustamente atacados, mas de todo o povo brasileiro, que se encontra a mercê de alguns bandoleiros de plantão, alojados sorrateiramente nos meandros de certos poderes midiáticos no Brasil e organizados por retórica hegemônica, de caráter indisfarçavelmente nazofascista”.

Autor de Pintando o Sete e Odes e Pagodes, coletâneas de poesias, De Lucca afirma que já foi “injustamente atacado, em passado não muito distante”. Aponta para “jornalismo trapeiro que impede a criação de uma opinião pública livre e legítima”.

O desembargador declarou, ainda na posse: “Continuarei a nutrir minha aversão congênita pelas pirotecnias enganosas do establishment atual, que não distingue a liberdade da libertinagem, as prerrogativas dos privilégios, a qualidade da quantidade, e ainda faz do embuste e do patrulhamento ideológico o apogeu da tirania”. “Almejamos e preconizamos uma imprensa livre”, afirmou De Lucca. “Enquanto investigativa e criteriosa há de merecer todo nosso respeito e loas. Por outro lado, há de ser solenemente repudiado aquele jornalismo trapeiro.”

Ao Estado, por escrito, De Lucca recorreu à veia poética. “Por jornalismo trapeiro quis me referir àqueles que não estão preocupados em divulgar a verdade dos fatos, a eles absolutamente despicienda, mas em propalar algo que possa despertar uma atitude de suspicácia naqueles que leem a notícia. Claro que trapeiros vem de trapos, e por mim a palavra foi usada como figura de retórica, denotativa de algo desqualificado e rastaquera.”

O desembargador revela confusão quando instado a definir como iria operar o habeas mídia. “É uma expressão cunhada pelo professor gaúcho Sérgio Borja numa conferência por ele proferida na Universidade de Lomas de Zamora.” Segundo De Lucca, também o professor Paulo Lopo Saraiva defende o mesmo modelo. “Trata-se de impor limites ao poder de uma certa imprensa, ou exatamente ao jornalismo trapeiro a que me referi.”

Sobre os “bandoleiros de plantão”, refugiou-se no silêncio. “Prefiro não nominá-los, quer porque preciso ter paz para trabalhar, não podendo perder meu tempo com niquices, quer porque prefiro que cada um vista o seu próprio capuz.”

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Direito de resposta, direito universal.

Passou no Senado e está na Câmara um projeto de lei em favor de quem se sentir injuriado, difamado ou caluniado pela mídia. Trata-se, finalmente, de se regulamentar o que já assegura a Constituição Federal, no seu Artigo 5º, Inciso V: “É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem.” Como se trata do próprio Poder Legislativo, desta vez dificilmente o lobby das grandes corporações de mídia conseguirá, como de costume, carimbar a iniciativa como sendo mais “um atentado à liberdade de imprensa”, chantagem utilizada mesmo quando o Congresso baniu da TV aberta a publicidade de cigarros.
Perdeu tempo a Associação Nacional de Jornais (ANJ) de não ter levado à frente uma proposta que em seu seio já lograva consenso há vários anos, que era a de se criar para a imprensa brasileira saída semelhante ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), com o seu respectivo Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, mecanismo que assegura amplo espaço para a solução consensual de queixas e idêntica oportunidade de defesa do acusado.
Mesmo uma solução nos moldes do Código de Defesa do Consumidor seria mais amena do que o império de um sistema que possa resvalar para a chamada “indústria da indenização”, isto porque as reparações previstas nesse modelo decorrem sempre de negociações entre as partes – intermediadas pelos Procons – e nunca podem ser arbitradas acima do valor original do produto, bem ou serviço em causa (acrescido de correção inflacionária). É verdade que o serviço noticioso da imprensa não pode ser confundido com simples mercadoria e que é muito complexo traduzir em cifras um dano moral.
Injúria, difamação e calúnia
Em termos de “imaginação sociológica”, a Universidade de Brasília, por meio de um projeto de extensão intitulado “SOS-Imprensa”, já havia projetado um “Procom da Mídia”, de autoria da então bolsista de iniciação científica Rachel Librelon, hoje jornalista atuando no mercado. Isto foi há mais de uma década, quando ainda existia alguma chance de o Brasil ter um Conselho Nacional de Comunicação (efetivo e em favor da sociedade), fórmula adotada em numerosos países, ou, quem sabe, uma Ouvidoria Pública de Imprensa, como funciona no Uruguai.
O fato é que o equilíbrio entre liberdade e responsabilidade nunca foi bem entendido no Brasil. De um lado, responsabilizações penais por algo civil (a imprensa é um espaço público que viabiliza uma esfera pública numa sociedade democrática e plural). De outro, empresas que sempre confundiram liberdade de impressão (print) com liberdade de expressão (speech) e de opinião (press). Resultado: o pior possível, como sentenças judiciais, em alguns casos maiores do que o valor integral dos negócios do réu, leia-se: a falência como condenação.
Se herdamos do modelo anglo-saxão a mentalidade de que a imprensa é um poder fiscal, possivelmente trazemos da mesma origem o cacoete de que reputação pode ser traduzida em dinheiro. De fato, imagem é um direito que equivale a um bem e a um patrimônio, mas imateriais. Simbólicos, diga-se. Há, nos Estados Unidos, uma anedota de que teriam escrito na cédula monetária a expressão In God we trust (Acreditamos em Deus), com vergonha de escrever In gold we trust (Acreditamos no ouro). Convertem no vil metal os chamados crimes de honra: injúria, difamação e calúnia.
E é bom aproveitar-se a oportunidade para traduzi-los. Em geral, os advogados pedem recompensas pelos três, conjuntamente. No entanto, injúria é ofender ao decoro (xingamentos, preconceitos, depreciações etc.); difamação é difundir má fama (atingir, por exemplo, a reputação profissional de alguém); e calúnia, o mais grave deles, é imputar falsamente crime a alguém. De qualquer forma, lá, nos EUA, a preferência é pela reparação em dinheiro, quando, na verdade, direito de resposta é direito de defesa, com réplica de autoria do próprio ofendido. A indenização financeira seria reservada para situações em que o dano moral implicou prejuízos materiais.
“Resposta” jurídica e anacrônica
Com o banimento da velha Lei de Imprensa, quase sempre acompanhada da alcunha de “entulho autoritário”, desregulamentou-se o direito de resposta nela contido. Na lacuna de uma regulamentação constitucional atualizada, o assunto gravitou automaticamente na direção do Código Penal e da mercê da arbitragem judicial, cara e lenta. E com o risco de prevalecerem penas arrasadoras ou, de acordo com o libertarismo do juiz, um vale-tudo em nome da liberdade, em nome da qual adoramos encher a boca com expressões do tipo “A liberdade é um valor absoluto”. A mesma epígrafe não tem valido para outro valor igualmente elevado: a responsabilidade.
Honra se repõe com honra e no espaço onde ela foi arranhada ou destruída: o espaço público. Liberdade e responsabilidade; ofensa e reparação. Ocorre-me, aqui, um episódio em que um direito de resposta (matéria de capa de uma revista de âmbito nacional) veio a ser publicado vários anos depois da reportagem, quando o ofendido já era morto. Até o momento, direito de resposta é, em geral, tarefa de advogados e em juridiquês, linguagem totalmente diferente do texto que o público massivo compreende. Em síntese, o público guardará para sempre a versão injuriosa-difamatória-caluniosa, já que nada entendeu da “resposta” jurídica e anacrônica.
[Luiz Martins da Silva é professor da UnB, pesquisador do CNPq (“A ideia do pós-jornalismo”) e coordenador do projeto SOS Imprensa da FAC/UnB]

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Consocial: Proposta de Porto Ferreira é Destaque na Etapa Estadual

http://www.portoferreira.sp.gov.br/new/noticias/04-2012/cs.html

Neste final de semana (30/3 a 1/4) aconteceu a etapa estadual da 1ª CONSOCIAL (Conferência de Transparência e Controle Social) no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo.

A Conferência, cujo tema central é "A Sociedade no Acompanhamento e Controle da Gestão Pública", tem por objetivo principal a promoção da transparência pública, além de estimular a participação da sociedade no acompanhamento e controle da gestão pública, contribuindo para um controle social mais efetivo e democrático.
Trata-se de um evento histórico e de grande porte, do ponto de vista político e social, uma vez que envolve a mobilização de inúmeras organizações da Sociedade Civil, Prefeituras, Conselhos de Políticas Públicas, Poder Legislativo, Poder Judiciário, Secretarias do Governo Estadual e todo e qualquer Cidadão interessado em participar. É um evento que gera propostas para o governo e para os municípios do Brasil, com o objetivo de aumentar a transparência, o controle e a participação social nas atividades do Estado.

O evento foi dividido em 4 Eixos temáticos:
  1. Eixo I:   Promoção da transparência pública e acesso a informação e dados públicos
  2. Eixo II:  Mecanismos de controle social, engajamento e capacitação da sociedade para controle da gestão pública
  3. Eixo III: A atuação dos conselhos de políticas públicas como instâncias de controle
  4. Eixo IV: Diretrizes para a prevenção e combate à corrupção

Na etapa municipal, que aconteceu no dia 24 de fevereiro, na Câmara Municipal, foram discutidas e apontadas 20 propostas e eleitos os delegados municipais.
A pedagoga Josiane de Oliveira, eleita delegada titular na etapa municipal esteve presente neste final de semana no palácio dos Bandeirantes em São Paulo representando Porto Ferreira, ocasião em que apresentou as propostas votadas na etapa municipal.

Participante do grupo de discussão do Eixo II, a pedagoga de Porto Ferreira apresentou a seguinte proposta de diretriz:
Incluir no currículo de todos os níveis de ensino público e privado, conteúdos de Educação Fiscal e Política, para formação plena do cidadão de forma a construir conhecimentos que levem a conscientização dos direitos e deveres e que efetive a participação da sociedade na gestão pública e no combate à corrupção. Os conhecimentos devem perpassar a história política brasileira, a Constituição Federal e legislações pertinentes, instrumentos de Controle Social, Políticas Públicas, Lei de Acesso à Informação Pública (Lei 12.527/2011) e metodologia de trabalho em Conselhos, garantindo práticas na comunidade do aluno. Os gestores públicos deverão definir metas e realizar avaliações de resultados nos estabelecimentos de ensino.
Das 1849 propostas, a diretriz apresentada por Porto Ferreira tomou destaque nas votações e será, junto com outras 19, encaminhada para a etapa nacional em Brasília, que acontecerá entre os dias 18 e 20 de maio e posteriormente ao Congresso Nacional.
Agradeço a Deus e a inciativa do prefeito Maurício Rasi pela oportunidade de estar participando deste evento que é mais um marco dessa administração municipal na luta contra a corrupção”, comenta Josiane.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Luis Nassif chama o Ministério Público às falas: a associação da revista Veja com o crime organizado

De Luis Nassif no Luis nassif Online
Esqueçam Policarpo: o chefe é Roberto Civita
Veja se antecipou aos críticos e divulgou um dos grampos da Policia Federal em que o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o araponga Jairo falam sobre Policarpo. Pinça uma frase – “o Policarpo nunca vai ser nosso” – para mostrar a suposta isenção do diretor da Veja em relação ao grupo.

É uma obviedade que em nada refresca a situação da Veja. Policarpo realmente não era de Carlinhos Cachoeira. Ele respondia ao comando de Roberto Civita. E, nessa condição, estabeleceu o elo de uma associação criminosa entre Cachoeira e a Veja.

Não haverá como fugir da imputação de associação criminosa. E nem se tente crucificar Policarpo ou o araponga Jairo ou esse tal de Dadá. O pacto se dá entre chefias – no caso, Roberto Civita, pela Abril, Cachoeira, por seu grupo.

Como diz Cachoeira, “quando eu falo pra você é porque tem que trabalhar em grupo. Tudo o que for, se ele pedir alguma informação, você tem que passar pra mim as informações, uai”.

O dialogo abaixo mostra apenas arrufos entre subordinados – Jairo e Policarpo.

Os seguintes elementos comprovam a associação criminosa:

1. Havia um modus operandi claro. Cachoeira elegeu Demóstenes. Veja o alçou à condição de grande líder politico. E Demóstenes se valeu dessa condição – proporcionada pela revista – para atuar em favor dos dois grupos.

2. Para Cachoeira fazia trabalho de lobby, conforme amplamente demonstrado pelas gravações até agora divulgadas.

3. Para a Veja fazia o trabalho de avalizar as denúncias levantadas por Cachoeira.

Havia um ganho objetivo para todos os lados:

1. Cachoeira conseguia afastar adversários, blindar-se contra denúncias e intimidar o setor público, graças ao poder de que dispunha de escandalizar qualquer fato através da Veja.

2. A revista ganhava tiragem, impunha temor e montava jogadas políticas. O ritmo frenético de denúncias – falsas, semi-falsas ou verdadeiras – conferiu-lhe a liderança do modelo de cartelização da mídia nos últimos anos. Esse poder traz ganhos diretos e indiretos. Intimida todos, anunciantes, intimida órgãos do governo com os quais trabalha.

3. O maior exemplo do uso criminoso desse poder está na Satiagraha, nos ataques e dossiês produzidos pela revista para atacar Ministro do STJ que votou contra Daniel Dantas e jornalistas que ousaram denunciar suas manobras.

Em "O caso de Veja", no capítulo "O repórter e o araponga" narro detalhadamente – com base em documentos oficiais – como a cumplicidade entre as duas organizações permitiu a Cachoeira expulsar um esquema rival dos Correios e se apossar da estrutura de corrupção, até ser desmantelado pela Polícia Federal. E mostra como a Veja o poupou, quando a PF explodiu com o esquema.

Civita nem poderá alegar desconhecimento desse ganho de Cachoeira porque a série me rende cinco ações judiciais por parte da Abril – sinal de que leu a série detalhamente.
Os próprios diálogos divulgados agora pela Veja mostram como se dava o acordo:

Cachoeira: Esse cara aí não vai fazer favor pra você nunca isoladamente, sabe? A gente tem que trabalhar com ele em grupo. Porque os grande furos do Policarpo fomos nós que demos, rapaz. Todos eles fomos nós que demos. Então é o seguinte: se não tiver um líder e a gente trabalhar em conjunto… Ele pediu uma coisa? Você pega uma fita dessa aí e ao invés de entregar pra ele fala: “Tá aqui, ó, ele tá pedindo, como é que a gente faz?”. Entendeu?

Desde 2008 – quando escrevi o capítulo – sabia-se dessa trama criminosa entre a revista e o bicheiro. Ao defender Policarpo, a revista, no fundo, está transformando-o em boi de piranha: o avalista do acordo não é ele, é Roberto Civita.

Em Londres, a justiça processou o jornal de Rupert Murdoch por associação indevida com fontes policiais para a obtenção de matérias sensacionalistas. Aqui, Civita se associou ao crime organizado.

Se a Justiça e o Ministério Público não tiverem coragem de ir a fundo nessa investigação, sugiro que tranquem o Brasil e entreguem a chave a Civita e a Cachoeira.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Os fundilhos da UDN

O senador Demóstenes Torres seria apenas mais um caso de promiscuidade entre políticos e interesses privados – criminosos ou “apenas” escusos -, somente um dos muitos que a gente sabe que há por aí.

Com bicheiros, com empreiteiros e – os mais sofisticados – com banqueiros e outros “financeiros”.

Seria, não fosse a evidente cumplicidade que se formava entre ele e dirigentes do Judiciário e com a mídia.

Demóstenes era um dos “cavaleiros da moralidade”, incensado pela mídia em geral e, como se sabe agora, com “canais particulares” com o núcleo do que Brizola chamava de “Comando Marrom”, a revista Veja, com a mesma intimidade de quem “quebrava galhos” de Carlinhos Cachoeira.

Ele esteve no centro de quase todas as “ondas moralizadoras” da imprensa desde o início do Governo Lula que, curiosamente, começaram com o caso Waldomiro Diniz – Carlinhos Cachoeira, que agora, sabe-se, era saudado por ele como um “Fala, Professor!”

Demóstemes, porém - o legado refere-se à sua auto-admitida morte política -, deixa uma lição para a política brasileira.

Uma lição que, mesmo sendo ensinada desde os anos 40 pela UDN, ainda não foi completamente absorvida pelo nosso pensamento.

Não é raro, nem é exceção que os cruzados da moralidade tenham, eles próprios, os fundilhos imundos.

E não é raro, nem exceção, que estejam sempre associados às causas mais desumanas, antipovo e antipaís, que se possa conceber.

Demóstenes era assim, ao ponto de dizer que conspurcar, sob convite oficial, a Suprema Corte brasileira, dizendo em seus salões que foram os negros os responsáveis pela escravidão e que as negras, no Brasil escravocrata, consentiam em fazer sexo com seus senhores.

Bem, não dá para dizer que essa visão de “consensualidade” entre escravo e senhor , infelizmente, esteja desentranhada dos nossos tribunais, não é?

Aliás, ela habita, nesta e em outras variantes, a cabeça da elite brasileira.

Porque são assim as mentes que concebem uma modernidade onde exista fome, um cosmopolitismo onde existam colônias, um progresso que consuma gente, uma democracia onde exista uma gentalha inferior, que deva ser grata aos luminares que a condenaram, por séculos, ao atraso e à perda de autonomia.

É esse o mundo digno, honesto e ético que apregoam.

O exemplo dos fundilhos de Demóstenes, revelados – e ainda só parcialmente – num golpe do acaso e é eloquente como poucos.

Sigam-lhe os outros estreitos laços, além de Cachoeira, e outros se revelarão tão mal-cheirosos, a menos que a mídia se encarregue, como parece provável, de lançá-lo logo ao mar, como um estorvo.

O que nos ensina Demóstenes, pela enésima vez, é que não há moralidade possível em quem rejeita o primeiro princípio da honradez, que é o de que todos os seres humanos são iguais em direitos e que a política não é um jogo de nobres, mas uma ferramenta do bem e do progresso comuns.

Porque não há imoralidade maior que defender a exclusão, o atraso, a desumanidade.

Fonte: Tijolaço.