O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) levou para o seu círculo mais próximo de assessores um advogado de 37 anos que ganhou espaço na imprensa em 2010 ao se apresentar como um dos fundadores do movimento "Endireita Brasil" e se autodenomina um representante da "direita liberal" no país.
Nomeado secretário particular do governador,
Ricardo Salles pregou contra o casamento de pessoas do mesmo sexo, classificou
o MST como grupo "criminoso" e acusou o governo Lula de promover uma
revanche contra militares após levar "terroristas" ao
"poder" ao divulgar suas convicções em um blog.
No governo, ele terá como principal função
articular os encontros e agendas públicas do governador, a quem está diretamente
subordinado.
O blog de Salles conta com uma seção de vídeos, a
maioria divulgada em 2010.
"Estamos aqui para falar do PNDH III e dos
anistiados", explica, no início de um filme divulgado em setembro daquele
ano, no qual fala do projeto do governo Lula que previa a criação da hoje já
instalada Comissão da Verdade.
"Esses que estão no poder, que no passado
assaltaram, sequestraram, mataram pessoas na tentativa de instaurar uma
ditadura de esquerda, querem o revanchismo", diz.
O filme foi divulgado no auge da campanha da hoje
presidente Dilma Rousseff (PT), que atuou em movimentos de resistência à
ditadura quando jovem. "Não podemos permitir que essas pessoas tentem
fraudar a história (...) para premiar os terroristas de ontem que hoje estão no
poder."
Em outro vídeo, Salles afirma que o casamento de
pessoas do mesmo sexo "contraria os princípios da família". Em um
terceiro, intitulado "Tudo aos bandidos do campo", critica o
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.
Procurada, a assessoria de Alckmin disse que as
opiniões manifestadas por Salles "há três anos" são de "caráter
exclusivamente pessoal".
"As opiniões do governador sobre esses temas
são públicas. Alckmin sempre declarou-se favorável à união civil de homossexuais.
Sancionou, em 2001, lei que pune a homofobia", disse a assessoria em nota.
"Alckmin militou contra a ditadura militar. São traços indissociáveis de
sua história a defesa da democracia e o repúdio ao autoritarismo."
No
texto, o governo ressalta ainda que "fortaleceu a rede de proteção aos
trabalhadores sem terra, por meio de políticas de implantação e apoio aos
assentamentos".Por: Daniela Lima, UOL.
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